Jovem com a 'pior dor do mundo' diz que sedação profunda não deu certo: 'A dor continua a mesma'
25/08/2025
(Foto: Reprodução) Jovem com a 'pior dor do mundo' diz que procedimento da sedação profunda não deu certo
Carolina Arruda, de 28 anos, moradora de Bambuí, anunciou no domingo (24) que o tratamento para aliviar a neuralgia do trigêmeo — condição conhecida como "a pior dor do mundo" — não teve resultado. Ela convive com a condição há mais de dez anos.
Foi a primeira vez, após a alta médica, que Carolina falou nas redes sociais sobre o resultado da sedação profunda, ao qual foi submetida para tentar reverter a resistência do cérebro aos medicamentos.
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"Depois das cirurgias, dos procedimentos que não deram certo, porque a dor continua a mesma coisa, eu dei uma sumida das redes sociais e vou continuar sumida por mais alguns dias porque não estou bem. Estou esgotada fisicamente e mentalmente", desabafou.
O procedimento foi realizado em 14 de agosto na Santa Casa de Alfenas, no Sul de Minas. Carolina ficou sedada por cinco dias e precisou de ventilação mecânica, conforme previsto. Ela recebeu alta na quinta-feira (21).
Segundo o médico Carlos Marcelo de Barros, responsável pelo caso, não estão previstas novas intervenções. A equipe manterá os tratamentos já adotados, com foco no controle da dor e na qualidade de vida.
🧠 A neuralgia do trigêmeo, conhecida como a "doença do suicídio", é uma condição neurológica rara que afeta o nervo trigêmeo — responsável por transmitir sensações da face ao cérebro. De acordo com o médico e cirurgião neurologista Bruno de Castro, trata-se de uma das dores mais intensas que existem, com crises súbitas desencadeadas por ações simples como falar, mastigar, tocar o rosto, sentir vento ou mudanças de temperatura.
A condição afeta menos de 0,3% da população mundial. O caso de Carolina é ainda mais raro, com dor contínua em ambos os lados do rosto.
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Sedação profunda
Em entrevista anterior ao g1, Carolina explicou que o procedimento seria feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sob supervisão do médico Carlos Marcelo Barros.
“A ideia é que nesses dias eu fique sem os meus medicamentos, sem o medicamento da bomba, para tentar livrar os receptores de dor, esses receptores do medicamento, que não estão respondendo mais. É como se fosse reiniciar o cérebro para ver se ele volta a responder, porque há 12 anos eu tomo esses medicamentos contínuos e não tenho nenhuma resposta”, completou Carolina.
Carolina Arruda e o médico Dr. Carlos Marcelo de Barros
Arquivo pessoal/Carolina Arruda
Segundo ela, o período de sedação seria também uma forma de descanso para o corpo e o cérebro, que estão sobrecarregados pela dor e pela privação de sono.
“Nesses últimos dias eu já tô quase há 70 horas acordada. Eu não consigo dormir, mesmo tomando diversos medicamentos. Eu tomo mais de 12 remédios só para dormir e não consigo, porque a dor me acorda. O corpo não descansa, o cérebro não descansa e acaba produzindo muito hormônio neuroestimulante, que piora a dor”, contou.
O médico Carlos Marcelo explicou que, apesar de os medicamentos usados no protocolo não serem experimentais, a forma como são administrados está em estudo.
“Apesar de não ser experimental porque os medicamentos já são usados em todo o mundo, as dosagens e a maneira de infusão estão sendo testadas em novas possibilidades”, afirmou.
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